Bem, então no início de 2008 fomos ao consultório do Dr. Marco Tulio, lá em Nova Lima. Recebêramos indicação de uma pessoa da família, e desta forma agendamos um horário.
Já o procuramos com a intenção de realizarmos algum procedimento. Não tínhamos mais qualquer dúvida sobre nossa incapacidade de naturalmente gerar filhos - precisávamos de ajuda.
E logo no primeiro contato ficamos surpreendidos pela atmosfera de confiança que o Dr. Marco Tulio inspira. Em nenhum instante ele nos deu falsas esperanças: sempre embasou seus prognósticos em probabilidades, mas sempre nos incentivou a acreditar nos 40% de chance que possuíamos. Este percentual foi definido a partir do perfil da France: jovem e com o histórico de uma gestação exitosa.
Para quem desconhece os meandros da infertilidade, para tudo existe um percentual: a cada ano de vida após os 35 anos, a mulher perde x% de seus óvulos; ao congelar e descongelar o embrião, diminuem 20% as chances de implantação; após a cirurgia de varicocele, minha chance de retomar a fertilidade era de 50%; e por aí vai.
Feito o primeiro contato com o médico, definimos o método que utilizaríamos e programamos todo o procedimento. Foi uma logística complicadíssima, pois envolvieu viagens a BH, férias escolares da Bella, realização de um empréstimo, ciclo menstrual, limites do cartão de crédito, aplicação de injeções, a escala de trabalho da France, autorizações do plano de saúde e uma série de outras condicionantes. Ufa!
Assim, nos meses de maio e junho retornamos a BH para realizarmos o tratamento. O procedimento funcionou mais ou menos assim:
- France tomou um hormônio que interrompeu por completo seu ciclo menstrual;
- 15 dias após, ela realizou um ultrassom que confirmou a interrupção;
- a partir de então, ela passou a tomar doses diárias de outro hormônio, com vistas a estimular a ovulação;
- duas vezes por semana, realizava ultrassom para ver se o tamanho e a quantidade dos óvulos. Com os resultados, o médico alterava a dosagem do hormônio;
- após 12 dias de aplicações diárias, ela havia gerado uma quantidade satisfatória de óvulos;
- realizamos então a punção para retirada dos óvulos, um procedimento um pouco doloroso. No mesmo dia, colhemos os meus soldadinhos;
- conseguimos gerar 19 óvulos em boas condições. 19 dos meus recrutas, assim, foram selecionados e fortalecidos (acho que com Biotônico Fontoura), para garantir a fecundação. Eles foram, então, injetados diretamente no núcleo de cada óvulo, no método denominado ICSI;
- dois dias depois, voltamos ao laboratório para saber o resultado. Dos 19 óvulos fecundados, 11 geraram embriões saudáveis e viáveis;
- os três mais aptos foram, enfim, implantados no útero, em um procedimento muito simples. Os demais foram congelados e moram agora na avenida do Contorno, em BH.
Curiosidade: os embriões foram numerados e classificados. Implantados foram o 1, o 5 e o 6.
A par destes procedimentos, realizamos sessões de acupuntura com a Dra. Chin Du, uma chinesa radicada em Belo Horizonte. Apesar de morar no Brasil há décadas, ela quase não se expressa em português; a cada sessão, ela repetia, após estimular os pontos: "Segula bebê! Segula bebê!"
Após a implantação, retornamos a Manaus e aguardamos 12 dias até realizar um exame de gravidez. Este é o ponto mais sensível de todo o procedimento, pois gerar os embriões é relativamente garantido. A questão maior é: eles irão se fixar na parede do útero? Para ajudar nessa fixação, haja mais hormônio. Foram caixas e mais caixas de progesterona.
Em nosso caso, felizmente, um dos três bichinhos conseguiu se segurar. No início da gestação, havia dois sacos gestacionais, a indicar que pelo menos dois estavam se desenvolvendo. Mas, a partir do segundo ultrassom, notamos que somente o Pedro seguiu seu caminho dentro do útero.
Costumo dizer que os outros dois embriões foram implantados para encorajar o Pedro, para que ele não se sentisse só no início da jornada. Ao 5 e ao 6, nossa eterna gratidão.