- Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
- E ele falou:
- Vossos filhos não são vossos filhos.
- São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
- Vêm através de vós, mas não de vós.
- E embora vivam convosco, não vos pertencem.
- Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
- Porque eles têm seus próprios pensamentos.
- Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
- Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
- Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
- Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
- Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
- Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
- O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
- Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
- Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
- Pois assim como ele ama a flecha que voa,
- Ama também o arco que permanece estável.
Tentar comentar, verso por verso, seria um desrespeito tremendo à beleza do poema. Deixo apenas registrada minha admiração pela imagem dos arcos e das flechas. Para que nossos filhos voem rumo a seu destino, é necessário que nos curvemos, muitas vezes ao peso da dor. Mas ser pai e mãe é missão, não divertimento.
2 comentários:
Conheci esse texto musicado em espanhol e desde então ele é, para mim, a perfeita tradução do que deve ser a relação pais e filhos...
Obrigado por me fazer recordá-lo!
adorei o texto, mto belo mesmo! bjs
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