10 de nov. de 2008

Arcos e Flechas

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.
Este texto é do livro O Profeta, de Gibran Khalil Gibran. Sintetiza, com poesia e profundidade, a compreensão que os pais devem ter em relação a seus filhos.

Tentar comentar, verso por verso, seria um desrespeito tremendo à beleza do poema. Deixo apenas registrada minha admiração pela imagem dos arcos e das flechas. Para que nossos filhos voem rumo a seu destino, é necessário que nos curvemos, muitas vezes ao peso da dor. Mas ser pai e mãe é missão, não divertimento.

2 comentários:

FRIZERO disse...

Conheci esse texto musicado em espanhol e desde então ele é, para mim, a perfeita tradução do que deve ser a relação pais e filhos...
Obrigado por me fazer recordá-lo!

Reh disse...

adorei o texto, mto belo mesmo! bjs