25 de dez. de 2005

Então, é Natal

Há 2000 anos, chega essa época do ano, e essa frase chega-nos à mente, de forma constante. Tanto nos martela que até virou música, meio por excelência para nos fazer repetir alguma coisa.

Então, é Natal. Será uma pergunta, uma conclusão, algo que a gente repete até que acredite nisso? Um mantra?

Bem, Natal é a lembrança do nascimento de Jesus.

Então, por que será que, ao invés de nos nutrirmos com o "pão da vida", nos empanturramos de panetone, chocolate, suínos, bovinos, bacalhaus, e outros mais?

Por que será que, em vez de lembrarmos do "filho do homem", só nos preocupamos com os 2 filhos de francisco, buscando os melhores preços do DVD, das câmeras digitais, e etc.?

Há uma explicação interessante para esse fenômeno. Sim, nessa época do ano, Jesus renasce. Toda a sua mensagem de amor e compreensão, fé e esperança, bondade e perdão, ressurge com força total no último mês do ano. A paisagem mental de muitos se modifica, para melhor, à simples lembrança do acontecimento.

Vejam os indícios: todos se lembram de suas famílias, e fazem os maiores sacrifícios para encontrá-la; em época nenhuma se expressam tantos votos de felicidade quanto então; amigos distantes são lembrados; os acontecimentos do ano que se finda não nos saem da mente, induzindo-nos à reflexão; convites à caridade brotam espontaneamente; sorrir torna-se tão comum quanto respirar; novos planos são traçados; novos amores, conquistados e declarados; relacionamentos difíceis tornam-se simples; mesmo a contragosto, aquele chefe mal humorado resolve dar uma cesta de natal para seus empregados.

Até aí tudo ótimo. Chega dia 25, Jesus renasce, feliz ao ver que os homens finalmente lhe assimilaram os ensinos, vivenciando-os no íntimo do coração. Beleza.

Mas vem janeiro, mês de férias, e começamos a esquecer do recém-nascido. Tempo de curtir, nada de acordar cedo, nem de obrigações mínimas. Jesus começa a definhar.

Em fevereiro, o "Império dos Sentidos" contra-ataca, com força total. É o carnaval. Para a maioria de nós, Jesus já foi esquecido, relegado a último plano. É página virada da História.

Contudo, para alguns bravos Cavaleiros Jedi, Jesus ainda resiste, raquítico e anêmico, mas ainda Ele. O tempo passa, a prestação do carro vence, o IPTU idem, chega a lista de material escolar, pensamos na viagem programada para julho, no concurso para o qual temos de estudar...

E aquele menino tão promissor, tão cheio de vida, que tanto nos alegrou naquele final de ano, volta para o seio de Seu (nosso) Pai, triste, porque não foi dessa vez. Ele aguarda com paciência o final do ano, época em que volta a nascer.

Aproveitemos, pois, que ainda é natal (e eu consegui concluir esse texto antes da ceia!), e nos esforcemos para que seja esta a última vez que Jesus renasce em nós. Que, nos próximos anos, não comemoremos o nascimento, mas sim o aniversário de Jesus em cada um. Que Ele possa crescer, sadio e forte, dentro de nós, a fim de nos tornarmos, também, instrumentos da realização da Vontade Divina na Terra.

Um Feliz Natal.

(Texto baseado em palestra proferida por Valdemir Barros, em Manaus/AM, no dia 18/12/2005)