14 de dez. de 2010

Todos Somos Necessários

O Discovery Kids, líder de audiência lá em casa, tem uma campanha voltada à ecologia, cujo bordão é o título acima. A música tema começa pela quadra: Sentado debaixo da mangueira, debaixo de uma enorme mangueira. Sentado eu parei para pensar...

O cachorrinho Doki, mascote do canal, faz reflexões ao observar a natureza lá debaixo da mangueira e conclui: todos somos necessários. O beija flor que poliniza as flores, o sapo que devora os insetos, as árvores que abrigam ninhos e outros bichos. Essa é a conclusão perfeita do equilíbrio ecológico: todas as espécies tem seu papel na dinâmica da vida e, portanto, são todas necessárias.

É claro que pensamos se um carapanã ou lacrau é realmente necessário. Minha filha tem sérias restrições quanto aquelas borboletonas noturnas, que lá em Minas chamamos de bruxas. Mas não somos nós quem iremos questionar a plenitude da natureza e a sabedoria do Criador.

Indo um pouco além nesse raciocínio, chegamos à conclusão, óbvia, de que o homem, ápice da cadeia evolutiva, também é necessário. Ser inteligente da criação, dotado da consciência de si e do livre arbítrio, ele é o animal cuja conduta mais impacta o ambiente. Por outro lado, é o único que pode, racionalmente, atuar de maneira sustentável para garantir a preservação e o equilíbrio.

Ocorre que, nem sempre, entendemos nosso semelhante como necessário. Muitas vezes, achamos que ele é mesmo descartável, e queremos nos livrar dele. E seguimos impiedosamente essa dinâmica nessa ecologia pouco fraterna e solidária.

Puxamos o tapete do nosso colega de trabalho, fingimos que não vemos o pedinte no sinal, não atendemos à porta quando surge o visitante inconveniente, vibramos quando o parente menos querido resolve não ir a nossa reunião familiar. Se dependesse de nossa vontade, esses indivíduos  sequer existiriam, e questionamos intimamente a presença deles em nossa vida.

E se já é difícil vê-los como necessários, imagine se lembramos dos pedófilos, assassinos, sequestradores e outros de ações infelizes e degradantes?

Nessas horas, somente a confiança na bondade divina e a esperança de dias melhores para poder transformar nosso olhar de condenação em entendimento, perdão, tolerância e indulgência.

Não somos todos filhos de Deus, criados a sua imagem e semelhança?

Não foi Jesus quem disse que o bom pastor cuida de todas as 100 ovelhas, deixando as 99 obedientes para ir atrás da única rebelde? E que todas as dracmas perdidas seriam encontradas? E que grande seria a alegria do Pai ao ver retornar a sua casa o filho pródigo?

Não temos o dever de dar cumprimento à lei do Amor, amando o próximo como a nós mesmos?

Todos somos necessários, para nosso Pai; se assim não fosse, sequer teríamos sido criados. Ou será que questionamos a sabedoria Dele?