26 de fev. de 2010

Cobaias

Temos de admitir: os primeiros filhos sofrem na nossa mão.

Inexperientes, mas com muita vontade de acertar, acabamos errando na dose muitas vezes. E eles pagam o pato. São verdadeiras cobaias.

Convidados uma vez mais à paternidade, repetimos as experiências e, com mais maturidade, podemos identificar onde nos equivocamos. E, dessa vez, fazemos diferente.

O complicado é que o filho mais velho percebe que nossas posturas estão diferentes. E nos questiona, até mesmo feliz por nos apanhar em contradição.

O que nos consola é que estamos sempre aprendendo. Erramos, mas com a intenção de decidir o melhor para nossos filhos.

Escolhas

O local preferido do Pedro aqui em casa é o corredor. Tem formato em L, e interliga os quartos, um banheiro e a sala. Ao ficar no chão, ele engatinha ligeiro para lá e fica admirando as portas.

O pai bobão adora interpretar a realidade. Fica pensando que, na idade da criança, nossa vida de fato é um corredor cheio de portas, prontas para serem abertas e desvendadas. São as escolhas que ele fará.

Adultos, já fechamos em definitivo algumas portas, atravessamos outras, colocamos um monte de entulho na frente de mais algumas. Nossas opções já diminuíram, mas ainda existem.

18 de fev. de 2010

Sempre Alerta

Não dá para descuidar na hora de criar os filhos. Qualquer vacilo pode ser fatal.

Minha filha realizava uma tarefa de Geografia, falando sobre atividades profissionais. A primeira parte era recortar, dos classificados do jornal, cinco anúncios de empregos.

Depois, ela tinha de classificar os anúncios de acordo com o tipo de atividade preponderante: intelectual, manual ou braçal.

Ela fez sozinha a primeira parte, limitei-me a mostrar no jornal onde ficam os classificados. Depois de escolhidos os anúncios, ela os recortou e colou no caderno.

Passamos assim à segunda parte. Ela ia lendo o anúncio e refletíamos juntos sobre qual era o tipo de atividade.

Tudo corria bem: açougueiro, manicure, office boy. Foi quando ela leu o anúncio seguinte, não revisado por esse pai distraído:

"Precisa-se de moças, maiores de idade, para casa noturna. Telefone XXXX-YYYY."

"E aí, pai, que tipo de atividade é essa: intelectual, manual ou braçal?"

16 de fev. de 2010

O pouco que vira muito

Comemoramos agora em fevereiro o primeiro ano do Pedro. Muito merecido.

Minha esposa teve uma ideia inspiradíssima: ao invés de presentes, solicitamos que os convidados trouxessem mantimentos para a Casa Vhida, uma instituição que auxilia crianças portadoras do vírus HIV, aqui em Manaus.

Fizemos então uma cartinha, adicionada ao convite, contando de nossa intenção. Havíamos entrado em contato antes com a Casa Vhida, para saber quais as maiores necessidades: Leite Ninho e Nestogeno nº2.

No dia da festa, ficamos surpresos. Todos os convidados trouxeram doações. Arrecadamos, no total, mais de 160 latas de leite e Nestogeno. Quase não coube no carro. :-)

Foi muito emocionante. Muitas pessoas nos disseram ter adorado a iniciativa; na verdade, em 2008 fomos a uma festa na qual se pediam doações de fraldas para o Lar Jannel Doyle, também em Manaus. A ideia ficou repercutindo na mente de minha esposa e tornou-se concreta agora.

Ao ver a montanha de latas aqui em casa, ficou em nós a indagação: quantos não desejam contribuir, ajudar, amar ao próximo, e precisam apenas de um "empurrãozinho"?

Lembrei do episódio da multiplicação dos pães e dos peixes. Para mim, essa passagem evangélica evoca a importância de doarmos de nós mesmos, de fazermos nossa parte.

No Evangelho, os discípulos se inquietam com a presença da multidão faminta. Jesus adverte: Dai-lhes vós de comer. E lhe foram apresentados cinco pães e dois peixes, tudo o que os discípulos possuíam.

E foi suficiente para alimentar a todos. Lição: nas mãos do Bem o pouco que ofertamos torna-se muito.

Pães, peixes ou leite, um pouco que cada um doou foi multiplicado pelo amor.