9 de out. de 2008

Treinando

Pipiras comendo banana

Ontem de manhã, caminhando com o Campeão na praça depois de uma chuva, deparei-me com um pequeno ser, amedrontado e encharcado, buscando proteção junto à raiz de uma mangueira.

Um filhote de pipira azul caíra de seu ninho e se refugiara onde a chuva não o alcançava.

Piando nervosamente nos galhos da árvore, os pais voavam de um lado para outro, temendo que um dos inúmeros gatos que vivem nas redondezas descobrisse o banquete farto ali.

Na hora, nem pensei: adiantei-me ao Campeão e peguei o indefeso passarinho, aconchegando-o em um dos bolsos da bermuda. Até procurei o ninho nos galhos, mas seria uma tarefa impossível encontrar sua casa e restituí-lo são e salvo.

Achei melhor, então, cuidar do pequeno animal até que ele tenha autonomia suficiente para decidir seus próprios vôos.

Já em casa, tirei da árvore uma casa de passarinhos que ali havíamos pendurado e dei-lhe seu primeiro morador. Com uma seringa e banana amassada, improvisei um bico de mãe.

Parece estar dando certo. Deixo a seringa cheia de banana e, quando ele pia, quem está por perto o alimenta. De noite, cubro sua casinha com um pano de prato. Uma vez por dia o desalojo do conforto e limpo sua toca.

A Isabella adorou a história, virou a mãe do pequeno pássaro e já o batizou como Bob. Sequer desconfiamos do sexo do passarinho, espero não gerar, com esse nome, um trauma para o futuro.

Quanta fome o bichinho tem! Ele pede por mais banana até seu papinho ficar inchado. Daí ele fica arfando até adormecer. Quando acorda, volta a piar e a abrir o bicão quando alguém se aproxima.

Duas coisas descobri nessa tarefa de pai improvisado: que um bebê faz muito, mas muito cocô, e que os passarinhos têm língua, uma língua pontuda e agitada.

Por outro lado, ele é um filho bem fácil de cuidar: quando o sol se põe, ele come pela última vez e adormece pesadamente. Só acorda quando o dia começa a clarear.

Atualização em 13/10/2008

Infelizmente, nosso Bob não resistiu e faleceu nesta noite. Creio que a boa vontade não foi suficiente para suprir a falta do calor materno. Que Deus o acompanhe.

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