7 de out. de 2008

Ontem e Hoje

O fato de vermos nossos filhos antes de nascerem já se tornou banal.

Com o ultrasom 3D e 4D já se pode ver até os traços do rosto, saber com quem ele se parece antes mesmo do parto. Um primo nascido este ano, lá em BH, quando chegou da maternidade já tinha no criado-mudo um porta-retrato com uma foto sua.

E, mais uma vez, a internet está cheia de artistas que protagonizam filmes e não sabem: ainda não viram nem a luz do dia, quanto mais a de um flash.

Tudo isso me fez ficar pensando sobre como eram as gestações no passado e como elas são atualmente. Poderia ir longe e falar do tempo de minha avó, mas não preciso fazer tamanho recuo. Basta pensar na minha própria gestação, lá pelos idos de 1974.

O médico só sabia que existia um bebê, que ele estava vivo e que seus batimentos podiam ser ouvidos. Só.

O sexo, a existência de alguma deficiência, a quantidade de dedos na mão, até mesmo a quantidade de bebês era uma grande incógnita. Sala de parto devia ser um lugar de grandes surpresas.

Nas três gestações de minha mãe, ela desejou uma menina. Não conseguiu nenhuma, e o suspense se manteve até o final de cada parto. Haja coração!

Quando nasci, o cordão umbilical se enrolou no meu pescoço. Foi um parto dentro de outro. Se fosse hoje, o médico veria pela tela do ultrasom e simplesmente mandava fazer uma cesariana. Mas aí não teria emoção. :-p

Acho que por isso é que aquele ditado popular foi cunhado: "Urna de eleição, barriga de mulher e cabeça de juiz, ninguém sabe o que tem dentro." Já inventaram pesquisa de opinião e ultrasom; portanto, apenas a mente dos Meritíssimos permanece insondável.

Hoje já sei um bocado de coisas sobre meu filho: o tamanho do fêmur, o diâmetro do abdome, a translucência nucal (!) , que ele gosta de ficar com a mão no rosto, que o chute dele é potente.

Mas, tanto ontem como hoje, uma outra espécie de percepção continua a existir, em especial para as mães: a ligação afetiva com o filho.

A mãe sabe quando o filho acorda, quando está feliz, quando gosta da comida que ela ingere. Quando se mexe, quando concorda com o que está sendo dito, quando discorda, quando dorme recostado no fundo do útero.

Coisas que pesquisas e indagações científicas talvez não consigam mensurar, mas que nosso bom senso, e a infalível intuição feminina, afirmam com categoria.

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