16 de jul. de 2009

Família, sempre família

No final do ano passado, uma notícia interessante sobre a família foi divulgada. Encontraram o mais antigo registro arqueológico de um grupo familiar.

Veja aqui.

Não é a toa que vivemos em família. Como instituição, ela foi a responsável por o progresso humano ter chegado até onde chegou. Sem ela, nada seríamos.

Há algum tempo, no contexto das atividades de que participo na Fundação Allan Kardec, preparei o seguinte texto, que fala de funções essenciais desempenhadas pelo lar. Serviu como base o Roteiro de Estudo para os grupos de pais com crianças assistidas, desenvolvido por trabalhadores daquela instituição:

a) Progresso

Dentro de uma família, os mais velhos e experientes amparam, sustentam, protegem e orientam os mais novos. Ao renascerem, as crianças encontram uma estrutura e uma dinâmica destinadas a lhes proporcionar cuidados e a estabelecerem metas de direção e ordem.

Assim, os filhos terão progresso previsível, isto é, menos sujeitos aos perigos, intempéries e necessidades de uma vida ao léu. A infância humana é a de maior duração do reino animal; o longo período de aprendizado que os filhos passam ao lado dos pais lhes serve como preparativo necessário às lutas que terão de desempenhar, a sós, no mundo.

Nessas condições, o lar representará uma fortaleza, destinada a proteger e preparar os mais frágeis integrantes da família.

b) Memória das conquistas sociais

Hábitos como lavar as mãos antes das refeições; limpar os pés antes de entrar em casa; dar preferência a alimentos naturais e frescos podem, nos dias de hoje, serem considerados como banais e corriqueiros. Em verdade, representam conquistas, não apenas de um grupo isolado mas sim de toda a sociedade, e que se incorporaram ao modo de viver humano graças à intervenção da família.

Na família, encontra-se a memória das conquistas sociais que são transferidas, de forma natural, aos filhos. A família é a depositária, por excelência, dos avanços e conquistas efetuados pela sociedade em diversos campos, como higiene e relacionamento social, por exemplo. Representa para a família um dever perpetuar e manter esses traços evolutivos, a fim de que os filhos possam incorporá-los como recursos que os ajudarão a serem exitosos em suas interações sociais.

Assim, o lar desempenha a nobre função de Escola de Homens, forjando os futuros cidadãos e homens de bem.

c) Consolidação dos avanços sociais

Na família, através das experiências reparadoras vivenciadas pelos seus membros, são consolidados os comportamentos novos que fomentam os avanços sociais e com os quais os filhos se munem para não ficarem alienados ou marginalizados do progresso coletivo.

As experiências exitosas dentro da família tendem a se repetir na sociedade. Filhos criados em clima de liberdade e respeito, no âmbito do qual podem emitir e discutir fraternalmente opiniões, reproduzem socialmente esses padrões de comportamento, fomentando o avanço do meio em que vivem e atuam.

Desta forma, o lar funciona como um laboratório das mudanças e dos avanços sociais.

d) Aprendizado do amor

Esta é a função da família mais posta em relevo nas discussões espíritas. A família é a escola divina onde os Espíritos, como filhos, desde a mais tenra idade, aprendem as lições sublimes do relacionamento com o próximo através de circunstâncias nas quais a compreensão, a desculpa, o compartilhamento, a gratidão e outros são vivenciados de forma natural.

O que determina a composição de nosso grupo familiar não são, somente, as afinidades e reajustes oriundos do pretérito, mas de maneira preponderante, as nossas necessidades de aprendizado e evolução.

Somos convidados, pois, a viver em família com espíritos muitas vezes bastante diferentes de nós mesmos, com pendores, inclinações e necessidades diversas. Convivendo com o desigual, o ser passa a dar mais valor à opinião alheia, ao gosto do outro, ao modo de ser que não são necessariamente os seus.

A vida em família representa a mais completa ferramenta para se combater o egoísmo; pensar no próximo antes de si, cuidar de suas necessidades, velar por quem nem sempre compartilha das mesmas opiniões próprias são apenas alguns exemplos de situações que tendem a diminuir nosso individualismo e deslocar nossas prioridades para o bem estar alheio.

Assim, o lar abriga também uma Escola de Almas, um auxílio precioso para a renovação de que tanto necessitamos.

e) Espaço de reconforto psíquico

A família é, por fim, o espaço de reconforto psíquico, no qual os Espíritos encontram as condições para se recomporem e se fortalecerem para a luta do cotidiano.

O lar representa o ambiente onde o indivíduo haure forças para os desafios de cada dia: na vizinhança, no trânsito, no estudo, no trabalho, nos locais públicos. É na intimidade familiar que falamos e somos compreendidos; opinamos e somos levados a sério; uns velam pelos outros e todos estão comprometidos com o esforço de união, progresso e harmonia. É onde encontramos “os nossos”, a quem pertencemos.

Por tal razão, fala-se do lar como um refúgio, um porto seguro para o indivíduo frente ao tempestuoso mar da vida.

Vemos a família desempenhando, assim, as funções de fortaleza, escola de homens e almas, laboratório e refúgio. Decerto os lares terrestres não possuem todas essa características de forma integral; essa constatação, entretanto, não nos exime de valorizar e defender a família, sob pena de ver nossa sociedade soçobrando ante o egoísmo.

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