31 de dez. de 2014

O Hobbit e o Retorno de um quase Rei

Assisti à trilogia "O Hobbit" e o sentimento é de frustração. Sei que a literatura e o cinema têm linguagens diferentes, e que seria impossível a transposição literal do livro para as telas.

Mas mesmo assim lamento o resultado final do filme, pois creio que o principal aspecto da história, a amizade entre o hobbit e os anões, foi trocado pelo drama de um rei que não consegue ser rei.

A opção do filme parece ser destacar a luta por Thorin pelo Reino Sob-A-Montanha. Inventaram um orc antagonista, uma disputa renhida entre ambos, e uma morte "épica" no alto do morro do corvo. Curiosamente, o Hobbit que dá nome ao filme parece ficar esquecido nessa luta entre o Escudo de Carvalho e o "orc pálido".

No livro, Bilbo é o herói improvável que de ladrão inexperiente passa a ser o líder da Comitiva. Olhado com desconfiança pelos anões, passa a ser alvo de um sentimento de respeito, veneração e submissão quando livra a Comitiva de perigo atrás de perigo. Sem sua sorte, sua habilidade e sua esperança de um dia voltar a Bolsão, jamais os anões teriam recuperado o tesouro.

E, no filme, tudo isso parece ficar em segundo plano, pois o que importa é o retorno do quase Rei Thorin.

E, pra completar, praticamente descartaram no filme a figura do Beorn, que para mim é a mais surpreendente personagem. A narrativa de como os anões chegam à casa dele, as maravilhas que encontram na casa, as histórias que ele lhes conta, e sua participação decisiva na Batalha dos Cinco Exércitos, mereceram alguns minutinhos no segundo filme e meros 5 segundos no final da trilogia.

Na obra, quem mata o orc Bolg é Beorn, e não Legolas. E o Azog, que é o pai de Bolg na verdade, no livro é citado poucas vezes, descobrindo os leitores que ele foi morto há muito tempo por Dain. Nada de Azog, o Profano, inimigo feroz de Thorin.

Meu conselho: vá ler o livro. =)

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